Não se conserta o que já nasce com defeito.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Parte VI


Eu tinha que começar a controlar essa vontade de tê-lo. Ela estava gritando dentro de mim, era um monstro que estava me consumindo. Ele estava na minha frente, meus olhos e imaginação eram meus piores inimigos neste momento.
- O que é você? – Perguntei baixinho, quase inaudível.
- Tudo tem seu tempo, minha querida. Você vai saber de tudo, mas não seja precipitada.
Eu tinha perguntas que precisavam ser respondidas e vontades para serem saciadas. Sentei-me numa cadeira branca, que havia em meu quarto, estava confusa. Minha cabeça estava sendo bombardeada de pensamentos. Mil imagens e sons em apenas um milésimo de segundo.
- Calma Sally, tudo ficará bem no final.
– Ele tinha uma voz doce e aconchegante.
- Como sabe meu nome? Como está em meus sonhos? Como está em meu quarto agora? Eu preciso de respostas! Você não pode invadir minha vida como se eu não me importasse.
Na verdade, eu nem me importava. Afinal, acordada ou sonhando eu acabava estando ao lado dele. Ele chegou perto e tocou em meu ombro, sua mão quente aquecia todo o resto do meu corpo, ele me levantou e me abraçou. Beijou meu pescoço e mordeu meu queixo, deu um sorriso e falou baixinho:
- Não seja precipitada querida, nada precisa ser rápido.Os beijos, mordidas, toques e palavras dele faziam com que meu corpo tivesse reações estranhas. Esse calor que sobe até o pescoço, de onde vem? Na minha cabeça se repetia incessantemente “não seja precipitada querida... não seja precipitada”. Ele me queria isso me confortava e fazia com que eu o quisesse ainda mais. E mesmo sem ter a mínima condição de parar de beijá-lo, eu parei. Respirei fundo, olhei em seus olhos negros, ele sorria.
- Preciso de respostas.
- Relaxe, querida.
Eu estava relaxada, e isso era perigoso demais agora. Todos os músculos do meu corpo estavam relaxados. Haviam pensamentos estranhos, lembranças sem sentido. “É preciso não esquecer e respeitar a violência que temos. As pequenas violências nos salvam das grandes”, onde eu havia lido isso? Por que estava pensando nisso agora?
- Não quero relaxar. Me responda ou pode ir embora.
- Não é isso que você quer.
- É o que estou pedindo. Responda ou vá embora.
- Se eu for, posso não voltar.
- Não me importo. Se for para ficar e não me dar respostas, é melhor não ficar.
O medo estava percorrendo por meu corpo, eu não queria ficar sem ele, não queria perder a única folha dessa árvore da felicidade. Não queria que meu anjo fosse embora. Mas precisava pôr um fim, ou ter respostas.
- Adeus Sally, minha querida.

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