Não se conserta o que já nasce com defeito.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Parte III

Acordar... Era a unica solução e o único problema. Para encontra-lo já nem era preciso dormir, conseguia vê-lo nas mínimas coisas, conseguia vê-lo também quando eu fechava os olhos e quando eu os mantinha abertos.
Dessa vez nosso encontro foi no meu quarto... Mas espera, eu estou dormindo? Não importa, agora não importa. Ele me olha, como das outras duas vezes. Seus olhos me seduzem, onde está o brilho desses olhos? E ele vem andando em minha direção, sério e calado. Não lembro das outras vezes, mas nessa ele estava de calças. E agora estava com uma camisa preta.
Parou de frente a mim, seus olhos se fixaram nos meus. Conseguia sentir sua respiração e escutar seu coração batendo, estava acelerado. Ou era o meu coração?
Não sentia o ar quente que dominava meu corpo como havia ocorrido das outras vezes. Ele ficou algum tempo parado, e finalmente sorriu. Um sorriso largo e aconchegante. Seus dentes brancos chamavam minha atenção, mas eu não conseguia quebrar a conexão entre os nossos olhos. Tentei algumas vezes levantar a mão e coloca-la em seu rosto, mas agora meu corpo não me obedecia mais. Ele podia levar minha vida agora, podia fazer com que eu perdesse os sentidos do corpo. Podia me jogar no chão, como qualquer coisa. Eu nem ligava mais.
Ele continuava sorrindo, e algo me dizia que ele estava feliz e, por esse motivo, eu estava feliz também. Ele levantou a mão, passou em meu rosto e então parou de sorrir. No inicio eu tive medo, mas seus olhos continuavam acolhedores.
Ele estava chegando mais perto, e meu coração cada vez mais acelerado. Eu já começava a suar frio, e ele a se aproximar de mim. Comecei a sentir o calor do seu corpo quando ele já estava se aproximando do meu. Sentia sua barriga encostando na minha e lentamente sua mão indo até a minha nuca. E finalmente ele me beijou.
Me beijou calmamente, como se pudesse beijar minha alma. Senti sua boca quente, seu braço passando pela minha cintura e me pressionando contra o corpo dele.
Então, ele me soltou, sorriu, e falou:
- Espero te ver amanhã.
Virou as costas e saiu do quarto. Saiu como se não tivesse deixado marcas, saiu de leve como quem calça meias de lã. Apenas foi embora, e me deixou com o sabor de sua boca na minha por algumas horas.

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