Não se conserta o que já nasce com defeito.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Parte II

Quando vi reconheci aqueles olhos profundos. Estava tudo escuro e frio, só conseguia ver seu corpo em minha frente e o seu sorriso, ah, aquele sorriso sedutor. Eu sentia um vento quente ao meu redor, como se subisse pelas minhas pernas e fossem até meu pescoço, mas eu não conseguia me mover, não conseguia olhar. Só conseguia pensar no que eu estava fazendo ali, na frente dele de novo.


Ele vinha em minha direção, mas dessa vez ele conservava um sorriso em seu rosto. Dessa vez eu preferi me concentrar nas minhas pernas e em fazê-las mexer, mas seus olhos e sorriso me atraiam, faziam com que eu olhasse apenas para ele. Não lembro a primeira vez, mas agora ele estava sem camisa e eu conseguia ver sua barriga rígida e de cor clara.


Quando chegou perto de mim tinha um olhar ameaçador, mas eu não tinha medo. Tudo era apenas um sonho, logo passaria. Dessa vez ele não me tocou tão rápido, ficou me olhando de perto, senti sua respiração, escutei seu coração batendo. Ele chegou bem perto, senti seus pés chegando perto do meu e o suor descendo pelo seu rosto. Ele me olhou, sorriu e então se afastou.


Eu não queria acordar, não agora. Tudo que eu sempre quis estava no meu sonho e eu não queria que ele fosse embora e também não queria que me tocasse, não queria que algo acontecesse nesse sonho tão perfeito.


Tentei pensar em algo pra falar, mas não conseguia pensar, nem falar, nem algo que não fosse aquela boca. Então ele voltou a se aproximar, meu coração batia de maneira descompassada e eu queria poder tocá-lo. Consegui mexer meus dedos, depois minha mão, meu braço e então, cheguei bem perto do rosto dele e quando estava perto de finalmente poder tocá-lo ele apenas sussurrou:


- Não posso. Eu... Eu... Eu...


Eu não conseguia falar, queria que ele terminasse a frase, então, ele me olhou, abaixou a cabeça e desapareceu. Agora, eu estava sozinha na escuridão, sentia vontade de chorar e finalmente, eu acordei.


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