Não se conserta o que já nasce com defeito.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Parte I

Eram os mais belos olhos que eu havia visto, negros e opacos, mas sedutores. Chamavam minha atenção, do mesmo modo que um pontinho brilhante chama atenção no meio de uma noite escura. Ele sorria todo o tempo, e era o sorriso mais bonito que eu já havia visto.


Estava frio, e eu não conseguia saber o que eu vestia e nem onde eu estava; eu queria apenas olhar em seus olhos e sentir o calor que suas mãos pareciam produzir. Em menos de um minuto eu já havia imaginado tudo que eu queria, onde eu queria estar e o que eu queria dele. Ele me chamava atenção, era o meu maior desejo. Tudo que um dia eu já havia sonhado estava na minha frente, e eu mal conseguia respirar.


Seus cabelos encaracolados, seu sorriso ameaçador, seus olhos negros, sua pele branca... Ah! Tudo que eu sempre quis. Mas algo começava a ficar diferente, o sorriso em seus lábios estava sumindo, suas mãos começavam a se fechar e tinha um clima de perigo no ar.


Eu queria correr, mas algo me segurava ao chão, minhas pernas se recusavam a se mexer, sentia meu coração bater mais rápido e meus olhos começando a lacrimejar. Ele aproximava-se e começava a sorrir de novo, mas agora era um sorriso macabro. Começava a tocar em meu rosto e eu começava a ficar fraca, me sentido frágil. Tudo ao redor ficava negro, foi quando percebi que ele estava sugando minha vida com apenas um toque. Fechei os olhos e esperei ela ser levada, querendo gritar e implorar pela minha vida e por um beijo daqueles tão belos lábios.


E quando estava no fim de minha vida, acordei.


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